27.6.02

Escândalo mina confiança já abalada no mercado financeiro dos EUA
José Meirelles Passos
Correspondente

WASHINGTON. Apesar da queda ontem nas bolsas, o pior está por vir, segundo analistas e o próprio governo dos EUA. Para eles, o escândalo da WorldCom criará uma crise de credibilidade tão profunda no mercado americano que poderia abalar os alicerces do capitalismo.
Para muita gente, isso aqui está cada dia mais parecido com um cassino. Nunca vi uma situação tão feia — disse Timothy O'Brien, que administra o Evergreen Utility and Telecommunications Fund, um fundo de investimentos em telecomunicações.
John Hendricks, vice-presidente da State Street Global Markets, resumiu assim o sentimento no mercado:
Quando você entra numa cozinha e vê uma barata, fica com a certeza de que ela não é a única que anda por ali. O cenário no mercado de ações dos EUA é exatamente esse.
As reações foram vigorosas no Congresso Nacional, que há meses vêm investigando o mercado financeiro. Deputados e senadores culpavam tanto os executivos de grandes corporações quanto os analistas das firmas de investimento e a própria Securities and Exchange Comission (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), que tem se mostrado incapaz de detectar os sinais de perigo.
Onde estão os reguladores? Foram pescar? — perguntou o senador democrata Byron Dorgan, presidente da subcomissão de assuntos do consumidor. O seu colega republicano, John McCain, também demonstrava irritação:
Eu acho que esse pessoal (do mercado financeiro) não vai entender a mensagem até que coloquemos alguém atrás das grades — disse ele.
Thomas Daschle, líder democrata no Senado, disse que a nova fraude pode abalar os alicerces do capitalismo:
O mundo dos negócios nos EUA está correndo um risco enorme. O que está em jogo, agora, é a confiança em nosso sistema — disse ele.
A perspectiva é que o caso da WorldCom provoque abalos também no setor bancário: a empresa deve US$ 4,5 bilhões aos bancos. A maior parte, US$ 2,65 bilhões, é devida a três grandes bancos americanos: J.P. Morgan Chase, Citigroup Inc. e Bank of America Corp.
Mas os efeitos de uma bancarrota da WorldCom deverá ir além das fronteiras dos EUA. Isso porque, segundo fontes do mercado, uma grande parcela dos empréstimos bancários foi distribuída entre alguns dos maiores bancos internacionais — como o Deutsche Bank, da Alemanha; o ABN AMRO, da Holanda, e o Bank of Tokyo-Mitsubishi, do Japão.
E numa pesquisa feita pelo Conference Board com 69 especialistas em ética corporativa, espera-se mais escândalos para breve.
[O Globo]

[IU IU IU... Os EUA se Faliu!!! uhuhuhuuh]

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