Liderança de Lula provoca queda histórica da moeda brasileira
Christopher Swann
Financial Times
O real brasileiro registrou a sua mais baixa cotação em relação ao dólar, em meio a indícios de que Luiz Inácio Lula da Silva amplia sua vantagem para a eleição presidencial de 6 de outubro.
Os mercados financeiros temem que a vitória do líder do Partido dos Trabalhadores resulte em um crescimento substancial dos gastos públicos e da intervenção estatal, e reduza o comprometimento do país com o pagamento das dívidas.
Muitos esperavam que o candidato governista José Serra já tivesse garantido sua presença no segundo turno das eleições. Entretanto, uma pesquisa divulgada neste final de semana revela que Lula ampliou a vantagem que tinha sobre Serra.
Nesta terça-feira, o real sofreu uma desvalorização de 5,73% e ficou cotado a R$ 3,78 em relação ao dólar. O índice Bovespa registrou uma queda de 1,24% e fechou em 9.148 pontos.
O mercado julgava que o pacote de US$ 30 bilhões obtido junto ao Fundo Monetário Internacional debelaria os temores quanto a uma possível instabilidade. Mas apesar dos termos generosos do acordo anunciado em 8 de agosto, o real permanece em constante queda.
"O que mais preocupa o mercado é o fato de que Lula tentará reestruturar a dívida brasileira, apesar dos termos relativamente permissivos do acordo com o FMI", afirmou John Davitte, chefe de pesquisas para mercados emergentes da IDEAglobal, uma firma de consultoria econômica.
A desvalorização da moeda agrava os problemas brasileiros, torna mais difícil o pagamento das dívidas e praticamente impede que o Banco Central reduza a taxa de juros.
O ágio dos títulos do governo brasileiro em relação aos Títulos do Tesouro Americano saltou para 2.227 pontos básicos. Esta diferença, considerada a base para o cálculo do risco-país, é a mesma paga pelos papéis do governo da Costa do Marfim, que acaba de sofrer um golpe militar.
Tradução: André Medina Carone
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