02 de setembro, 2002 - Publicado às 10h27 GMT
Ministro iraquiano vai à Rússia buscar apoio contra EUA
O ministro das Relações Exteriores do Iraque, Naji Sabri, chegou nesta segunda-feira a Moscou, como parte de uma campanha do país para buscar apoio contra um possível ataque militar dos Estados Unidos.
Sabri encontra-se nesta segunda-feira com o colega russo, Igor Iganov, que deve reiterar sua conhecida oposição a uma ação militar americana no Iraque.
"O lado russo vê exclusivamente um caminho político-diplomático para resolver o problema iraquiano, em acordo com as resoluções da Conselho de Segurança das Nações Unidas", afirmou uma autoridade do Ministério das Relações Exteriores à agência de notícias russa Interfax.
Nas últimas semanas, vários líderes europeus deixaram claro que preferem que os Estados Unidos resolvam seus problemas com o Iraque por meio da negociação, e não da guerra.
EUA
No sábado, porém, a União Européia exigiu que o Iraque reabrisse as portas para a entrada de inspetores de armas da ONU.
Em Washington, o debate sobre que medidas tomar em relação ao Iraque continua, em meio a rumores de que o assunto está causando divergências dentro da administração do presidente George W. Bush.
Em entrevista à BBC, o secretário de Estado americano, Colin Powell, voltou a pedir que o Iraque autorize a entrada dos inspetores da ONU, para que eles avaliem o arsenal militar iraquiano.
Segundo Powell, esse seria o primeiro passo em direção à resolução da crise.
O secretário de Estado americano disse ainda que os Estados Unidos precisam apresentar provas a seus aliados de que o Iraque representa uma ameaça à segurança internacional, para que uma decisão consciente possa ser tomada.
As afirmações de Powell divergem das declarações do vice-presidente americano, Dick Cheney, e do secertário de Defesa, Donald Rumsfeld. Cheney sustenta que não há sentido em enviar inspetores para o país e que não há alternativa ao ataque.
Rumsfeld, por sua vez, já afirmou que tomar as decisões certas é mais importante do que obter o consenso, em um sinal de que o apoio internacional seria em última instância dispensável.
O secretário de Estado americano afirmou ainda que os Estados Unidos precisam apresentar à comunidade internacional todas as provas que levantam dúvidas sobre o governo iraquiano.
Segundo Powell, dessa forma, a comunidade internacional vai poder fazer um julgamento sobre a necessidade de um ataque militar.
Enviados europeus
De acordo com o vice-presidente do Iraque, Taha Yassin Ramadan, o objetivo do ministro das Relações Exteriores e de outros representantes que o país pretende enviar à Europa é explicar como os Estados Unidos estão "ameaçando a paz e a segurança mundial".
Especialistas avaliam que o Iraque percebeu que os europeus ficaram alarmados com o tom das últimas declarações americanas em relação a um ataque militar para derrubar o presidente Saddam Hussein.
A oposição a um possível ataque ganhou neste domingo um importante aliado de peso. O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela telefonou ao presidente americano George W. Bush para dizer que ele corre o risco de destruir a ONU, caso ataque o Iraque sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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