21.9.04

Hipocondríaco

Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio.
Eu tomo um remédio para controlar a pressão.
Cada dia que eu vou comprar o dito cujo, o preço aumenta. Controlar a pressão é mole.
Quero ver é controlar o preção. Tô sofrendo de preção alto.
O médico mandou cortar o sal. Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais.
Controlei também a alimentação. Como a única coisa que tenho comido, depois do Fome Zero, é minha patroa, não tem perigo: Ela é a coisinha mais sem sal deste lado do mundo.
Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico.
Sério! Não sei mais o que é Real. Principalmente quando abro a carteira ou pego extrato no banco. Não tem mais um real.
Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas: Sabe aquele carro? Esquece! Aquela viagem? Esquece! Tudo o que o barbudo prometeu? Esquece!
Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time: nas últimas.
Bem, carioca é assim mesmo, já nem liga mais para bala perdida. Entra por um ouvido e sai pelo outro...

Luiz Fernando Veríssimo

Um comentário:

Dennis disse...

verissimo eh otimo hehehehehe
eu tenho um livro dele... a mesa voadora
mt bom heehehhe rio demais