30.11.09

Orar sempre

Não lembro se já falei aqui sobre isso, se falei, falarei novamente...

Estudei na infância em um colégio dirigido por freiras, experiência nada positiva para mim, mas não vem ao caso falar sobre isso agora... O que quero contar-lhe é sobre a oração...

Lá, as freiras queriam impor para que eu rezasse as orações padrões, feitas por alguém que não era eu... E eu nunca fazia... até hoje não memorizei as orações que elas ensinavam... Apenas o pai nosso e a ave maria...

Eu respondia a eles que "eu tenho comunicação direta com Deus, não preciso ficar esperando no telefone para dar a linha, quando puxo o fone ele já está me ouvindo..."

Nunca fui de fazer orações, mas preces... Converso mesmo... horas e horas... durmo conversando com ele, acordo conversando com ele, quando estou no ônibus, puxo o telefone e converso com ele... E assim é até hoje... Sempre que posso, e olhe que as vezes eu nem "posso", mas converso com ele... fico conversando antes mesmo de notar que estamos falando...
Ele é muito bom para mim... Sei disso e agradeço todos os dias a ele...
Posso dizer que tudo que peço a ele e tenho merecimento para receber, ele me dar de verdade...

Bem, é isso...

Beijos e uma boa semana!

Uma Prece Cotidiana

"Aquele que ama a Deus o roga pelos seus pecados, acautela-se para não cometê-los no porvir. Ele é ouvido em sua prece cotidiana." Eclesiastico Cap. 3 verso 4

Uma prece cotidiana...
uma simples prece, um tempo para conversar com Deus,
colocar-se em atitude de humildade diante do Criador,
tudo tão simples, o falar, o pedir e o agradecer.
Mesmo assim, muitas vezes não temos tempo,
e a nossa boca silencia...

As vezes é preciso vir a dor, o medo, a coisa ruim
para despertar o desejo de abandonar-se ao Pai,
ainda assim, oramos apenas para pedir,
para fazer uma promessa tentando remediar,
o que já está com problema...
É o buscar a Deus como última opção,
como um verdadeiro milagre.

Uma prece cotidiana!
Tão simples...
nada mais!

Tenha tempo para Deus, para conversar com Ele,
falar de você, dos seus sonhos, dos anseios,
e quem sabe agradecer o dia, a saúde, o amor,
pais, filhos, a ausência de um acidente.
Agradecer por não ter nada que pedir,
pedir por necessidade de agradecer.

Uma prece cotidiana!
Simples, como a rosa que se abre,
como o orvalho da manhã.
Lembrar-se de quem nunca esquece de você,
de quem está ao longe gritando para você perceber,
o quanto você é importante para Deus.

Eu acredito em você
Paulo Roberto Gaefke

27.11.09

Onda do Bem

Por Paulo Roberto Gaefke em 08/06/2009

Você pensa que são poucos, e na verdade são muitos:
- os que jogam papéis nas ruas;
- os que bebem além da conta;
- os que tem um caso fora do casamento;
- os que usam drogas;
- os que brigam no trânsito;
- os que não suportam o sucesso dos outros;
- os que maltratam os animais;
- os que maltratam as crianças e os idosos;
- os que não ouvem conselhos;
- os que começam alguma coisa e não terminam;
- os que falam, mas não fazem, pedem, mas não dão;
- os que podem fazer muito pelo próximo, mas não fazem nada...

Você pensa que são muitos, mas na verdade são poucos:
- os que doam sangue com regularidade;
- os que doam seus órgãos e avisam a família;
- os que falam do bem e assim agem;
- os que defendem a justiça plena;
- os que visitam doentes e presidiários desconhecidos;
- os que reciclam seus lixos;
- os que cuidam da saúde (quando estão saudáveis);
- os que verdadeiramente buscam a Deus;
- os que se importam com o próximo;
- os trabalhadores da seara bendita;
- os que dizem sim para o trabalho voluntário;
- os que se importam com você.

Pense nisso!
Engrosse as fileiras do bem!
Aliste-se no exército do amor fraterno, doe-se, participe, faça a diferença na vida de alguém.
Comece pela sua:
abandone um vício,
doe sangue;
melhore a sua alimentação;
exercite-se;
valorize a vida, enquanto pode,
perdoe, reconcilie-se com todos.
Viva a simplicidade de depender de muito pouco para ser feliz.
É só começar, a onda do bem vai se espalhar.

Espalhe essa onda!!

Eu acredito em você
Paulo Roberto Gaefke

23.11.09

2 Anos de Casamento

Há exatamente 2 anos, Eduardo e eu estávamos nos casando.
Tem horas que penso que passou rápido, tem horas que parece ser mais tempo...

O que é mais importante... Depois desses 2 anos de convivência diária, acredito que estamos caminhando juntos, cada dia mais juntos, e melhores, buscando sempre crescer juntos, buscar o melhor para todos, nos amando, e vivendo em paz a maioria do tempo...

Hoje temos a certeza de que somos pessoas melhores do que há 2 anos atrás, hoje vivemos melhor, temos mais consciência dos nossos atos... Amadurecemos bastante...

Especialmente esse último ano foi um ano de muito crescimento para nós... Graças às pessoas que conhecemos, às filosofias que adotamos para nossa vida, tudo mudou! Tudo está mudando... Por mais que a gente não perceba durante a mudança...

Ele sabe que eu o amo, sempre que posso digo... Ele me completa em muitos fatores... Nós somos um!
E, quem sabe ano que vem, seremos três, ou quatro... Só Deus sabe! Projetos para 2010!

p.s.: Não em interpretem mal, eu não estou grávida... Iremos tentar em 2010, quem sabe...

18.11.09

Vamos semear

"Eu creio, e tenho testemunhado e tenho testemunhos, de que nós podemos mudar qualquer situação.
Por isso, não fique de braços cruzados esperando a sombra chegar, nem a chuva passar, é hora de plantar."
Paulo Gaefke

15.11.09

Renata, um anjo na minha vida

Quando eu tinha 11 anos conheci um anjo. Não sabia que era um anjo, até porque, pelo o que sabemos anjos não têm sexo e esse, para viver na Terra, veio sob o sexo feminino. Ela era da minha idade, parecia ser uma menina normal, mas depois de um ano convivendo com ela como humana e depois de construída uma bela amizade, ela precisou partir.
Para mim foi um choque. Foi a primeira vez que perdia alguém que amava, quer dizer, eu achava ter perdido, mas hoje sei que não perdemos nada, pois tudo se transforma.
Por muitos anos chorei, por saudade, por egoísmo (a queria ao meu lado, para o resto da minha vida), por não aceitar nossa separação física... Até cheguei a questionar Deus por levar uma criança de forma tão trágica.
Sonhava com ela sempre. Ela sempre sorrindo e falando comigo, e eu chorando. Acordava mais triste e agoniada. Até o dia, alguns anos depois, que encontrei com a mãe dela aqui na Terra. Ela me lembrou que Renata não gostava de ver ninguém triste e que minha tristeza a deixaria muito triste... Lembrei dos meus sonhos e chorei muito ao perceber que ela me dizia nos sonhos que era para sorrir, ela estava feliz.
Algum tempo depois sonhei novamente com ela, dessa vez tudo foi diferente! Estávamos em um lugar muito claro, e ela me trouxe um lindo ramalhete, com flores diferentes de todas que já vi nessa Terra.
Ela sorria, como sempre, não me disse nada, apenas entregou as flores, me beijou e foi embora. Uma lágrima de emoção correu dos meus olhos.
Acordei em paz. Vi muita luz ao redor e dentro dela. Realmente meu rosto estava molhado, eu havia derramado aquela lágrima fisicamente também!
Eu senti uma enorme paz, uma luz forte dentro de mim. Assim soube que era um anjo que estava ao meu lado todo tempo!


Suzana Ferreira
13/11/2009

13.11.09

"A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo"

Antes de começar esse outro texto que escrevi em 2002, preciso dizer uma coisa...
Nessa maratona de re-encontrar meus textos cheios de poeira e mofo virtual, eu percebi que muitas coisas que eu escrevi tinham alguma relação de nomes, ou mesmo fatos, ou mesmo pensamentos que vivo hoje... E o detalhe é que na época não existiam essas pessoas na minha vida...

Lá vai então mais um texto escrito por mim...

Bom proveito!

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“A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo”

— É, você pode dizer hoje isso, mas tenho certeza que você vir aquela carinha linda, aquele ser frágil, que ele ou ela agarrar teu dedo mindinho, e tu vir o quão miudinha é a mãozinha daquele ser... Você vai cair de amores...
— Vou não menina! Esses joelhos são todos iguais... Parecem um E.T., vê que bicho estranho, sem cabelo, sem dente, todo mole...
— Ah, você ainda vai pagar essa língua...
E continuaram discutindo sobre bebês. Ele dizia que achava difícil ter filhos, não gostava de bebês. Ela sempre sonhou tem tê-los, não via a hora. Sempre que tocavam nesse assunto se discutiam.
— Eu quero pelo menos dois, mas prefiro quatro...
— E eu nenhum!
— Então ta bom, vou ter com o urso...
— Tenha, problema seu... — ele olha pro chão, volta a olhá-la, toma ar — você acha mesmo que a gente vai viver junto?
— Eu tenho certeza! Desde o dia que te conheci soube disso. Você é que fica me jogando de lado, que não me vê como mulher...
— Quem lhe disse que eu não lhe vejo como mulher?
— Sei lá, pode até ver, mas não deseja... Ainda!
Ele deu uma gargalhada... Ela sorriu. Eles eram amigos havia alguns anos, já tinham ficado, coisa que ele se arrependia, pois se antes ela o tentava, agora era pior.
O tempo passou, os dois continuavam amigos, mas ele não queria mais envolvimento amoroso, e ela não deixava de tentar. Muitas coisas aconteceram, arrumaram namorados, acabaram namoros. Até que ela começou a namorar sério, passaram-se alguns anos, e um dia ela liga toda eufórica pra ele:
— Quero que você seja meu padrinho!
— Ué, tu num é batizada, não?
— Ô seu leso, tou falando de casamento!
— Como é? Tu vai casar? Na Igreja?
— Vou sim, por que?
— Nera você quem dizia que nunca ia casar na Igreja se não fosse comigo?
— Era, mas você não me quis... Vou tentar com outro...
— Quer dizer que você não me quer mais?
— Ô menino, é lógico que te quero, como você me quer. Você num me quer como amiga?
— Quero...
— Então!? Casar não vai me afastar de você!
— Sei não, esse teu namorado é ciumento, não sei se ele vai gostar muito da nossa amizade. Sem falar que certas brincadeiras vão ter que acabar... Muita coisa vai mudar entre a gente...
— É, eu sei...
— Por que tu vai casar?
— Rapaz... Eu gosto dele, ele gosta de mim... A gente quer viver junto, se não der certo separa... Mas acho que a gente vai se dar bem...
— Então tudo aquilo que você dizia era enrolação pra cima de mim?
— Não! Mas cansei de tentar algo que você diz impossível de eu conseguir ter...
— Poxa, tou me sentindo traído!
— Por que?
— Sei lá... Num sei porque, mas não gostei dessa notícia, eu acho que a gente não vai mais ser amigos...
— Poxa, não diz isso...
— Você tá feliz?
— Tava... Agora não tou mais...
— Vai adiantar eu te pedir para adiar o casamento?
— Ô menino, ainda faltam uns seis meses, no mínimo... Só liguei para ti convidar... A gente decidiu isso ontem... Pensei logo em você como meu padrinho...
— Pelo menos vou ter um tempo pra me acostumar a não ter você mais por perto...
— Não faz isso comigo!
— Lala, eu não quero te perder!
— Mas você não vai me perder!
— Vou sim, você nunca mais será minha!
— Agora eu não tou te entendendo...
— Ah, não é pra entender! Espera, não sai de casa, tou indo praí...
Desligou o telefone, pegou o carro, em dez minutos chegou lá. Tocou a campainha apressado, a colega de apartamento avisou que ela estava no quarto. Ele já entrou dizendo:
— Lala, não casa!
— Mas menino, porque eu não casaria?
— Porque você me ama!
Ela riu.
— Como é? Eu passo metade da minha vida correndo atrás de você, e você me dizendo que só me quer como amiga... E agora você vem me dizer que eu não posso me casar porque você resolveu reconhecer que eu te amo? É isso que você tá querendo dizer??
Ele sentou, segurou suas mãos, respirou fundo olhando para baixo, levantou os olhos e disse:
— Eu estou com medo de perder você. Na hora que você me ligou dizendo isso... Sei não... Comecei a perceber que não ia ti ter ao meu lado sempre, que esse cara pode separar a gente... E quando você tiver filhos... Vai ficar cada vez mais distante de mim... Eu quero você sempre perto de mim...
— Você está sendo egoísta!
— Diz pra mim que é mentira! Que você disse isso só pra me lembrar que um dia posso te perder...
— Mas você vai me perder um dia, não por causa de casamento, mas mesmo que eu nunca case um dia vou morrer... E isso num tem como evitar...
— Mas é mentira né?
— O que você acha? — e mostrou a mão direita com uma aliança no dedo anelar.
— Eu não vou ser seu padrinho! Não posso fazer isso...
— Poxa, mas eu queria tanto...
— E eu queria ser o noivo...

Ele a puxa pela cintura e a beija. Ela o empurra.
— O que é isso!?!
— Eu te amo!
— Por que você me beijou?
— Eu te amo!
— Você não tem o direito de brincar assim comigo!
— Eu não estou brincando! Eu te amo!
— Pára com isso!
— EU TE AMO! — e a beijou novamente
— Tá louco é?
— Tou, louquinho! E se entrar na Igreja para casar com ele eu vou ficar mais louco ainda!
— Ah é? E vai fazer o que?
— Ti seqüestrar!
— Mas agora deu...
— Por favor, Laurinha, não casa com ele!
— Menino, não é assim... Passei muito tempo pensando se deveria ou não casar, não vou desistir só porque você quer...
— Eu tenho certeza que você não tem tanta vontade assim de passar o resto da sua vida com ele...
— Pára com isso!
— Eu num tou dizendo!
— Você não tá dizendo nada!
— Poxa Laurinha, você é a única pessoa que conseguiu entrar na minha muralha...
— Ah rá! Agora você admite que eu consegui, né?
— Você sabe que conseguiu... Não me rejeita... Não é hora de devolver com a mesma moeda... Lala, tu ama ele?
— Amo!
— Mesmo?
— Mesmo!
— E você me ama?
— Por que isso agora?
— Responda!
— Não vou responder!
— Então isso quer dizer que sim!
— Não! Isso quer dizer que eu não vou responder!
— Se ele dissesse que você nunca mais iria me ver ou falar comigo, o que você faria?
— Ele não vai fazer isso...
— E se fizer?
— Ah, aí eu digo que ele não pode mandar na minha vida...
— E se ele insistir? Você se separa?
— Ah, sei lá...
— Liga pra ele aí...
— Pra que?
— Quero falar com ele...
— Pra que?
— Eu quero dizer a ele que eu te amo e não vou deixar você casar com ele...

Ela pegou o telefone e já estava discando (só que para um número diferente). Ele a segurou pelo braço e fez sinal para ela parar.
— O que foi agora? Desistiu foi?
— Não... É que antes eu quero saber uma coisa — respirou, engoliu a saliva — você acha que vai ser feliz com ele?
— Se eu não achasse não teria decidido casar...
— Ah rá! Te peguei!!
— Han?
— Lembra o que você vivia me dizendo? Que você tinha CERTEZA que seria feliz ao meu lado, e eu ao seu. Lembra?
— Lembro...
— Era mentira?
— Não...
Ele tenta beijá-la novamente, mas ela consegue escapar. Dirige-se à porta, abre-a e pede:
— Vai embora, por favor...
— Só se você me der um motivo...
— Você fala isso tudo, me deixa confusa, parece que tá brincando comigo... — começa a chorar.
— Laura, eu não estou brincando. Só agora percebi o quanto quero você ao meu lado. Eu não tinha me dado conta que você tava se envolvendo tanto assim com esse cara... Sempre senti uma pontinha de ciúmes, mas eu me dizia que era bobagem. Mas agora tudo mudou. Você vai casar, e não é comigo. Como posso ter você junto a mim se você vai viver com outro? Ter filhos com outro? Tudo com o outro! Você quer mesmo ter filhos com ele?
— Pare de me perguntar essas coisas!
— Vem cá, vem...
— Vou não! Você tá querendo me deixar louca...
Ele se levantou, a abraçou, levou umas tapas no peito, a abraçou mais forte e a viu chorar novamente. Chorou tanto que molhou a camisa dele. Sentou-se novamente, recostando-se no sofá e serviu de travesseiro para ela. Ficou fazendo carinho nos cabelos dela até que ela dormiu, com o rosto cheio de lágrimas.
Ficou pensando em como tudo ia ser se ela mudasse de idéia e casasse com ele. Quando ela acordou ele contou:
— Enquanto tu dormia, eu fiquei pensando em como vão ser nossos filhos.
— Como é?
— Sim nossos filhos, um menino e uma menina...
— Mas você não queria filhos!
— Se você for a mãe eu quero. Mas se eles vierem chorando pro meu lado eu jogo pra você...
— Eu não sei...
— Não sabe o que?
— Num sei... — olhou bem pra ele — Agora você vai me deixar sozinha.
— Não!
— Eu preciso pensar! Por favor!
— Mas não vou sair daqui sem escutar que você vai desistir desse negócio...
— Pois pode ficar aí! — saiu da sala e trancou a porta do quarto.
Quando estava no banheiro, dentro do quarto, escutou um estrondo, olhou para trás... A porta estava no chão...
— Sai de perto de mim! Você está descontrolado!
— Eu nunca lhe machucaria! Você sabe disso! Derrubei a porta porque você trancou, eu conserto depois...
— Não precisa! Vai embora, por favor! Isso que você tá fazendo não está ajudando a me convencer... Por favor, me deixa sozinha...
— Bora fazer uma coisa: você vem comigo, eu quero te levar a um lugar, depois te deixo em paz...
— Pra onde ‘cê vai me levar?
— Quando a gente chegar lá você vai saber...
— E depois você jura que me deixa sozinha?
— Só se você ainda quiser isso...
— Tá bom então, eu vou...
Entraram no carro. Ele começou a dirigir na direção da saída norte da cidade.
— Pra onde ‘cê tá me levando?
— Um lugar muito especial pra mim... Sempre que estou com um problema e não sei como resolver, eu vou lá... Me trás boas lembranças, uma paz de espírito... Pode ser que lhe ajude também...
— Só uma perguntinha... Em que cidade é isso?
— Onde eu morei antes de vim pra cá?
— Não acredito! — pegou o celular, ligou para alguém — Alou? Ó, não vou poder te ver hoje... Não, tá tudo bem... Não, não estou doente, tou indo viajar... É... Emergência... Não... Não... É a trabalho... Tá certo... Hum rum... Porque não dá... É... Você sabe... Pode deixar... Fique tranqüilo... Tchau. — e desligou
— Ligasse pra ele, num foi?
— Foi...
— E por que você disse que era a trabalho?
— Não tem porque deixar ele preocupado...
Ligaram o som do carro e foram conversando sobre assuntos neutros, como se nada tivesse acontecido. Chegaram na Ponta do Seixas.
— Você lembra quando a gente veio aqui?
— Tenho como esquecer?
— Tu sentou aqui, ficou com medo de cair, me agarrou pelo pescoço, ficamos uns quinze minutos aqui. Nunca esqueci...
— É, tou vendo...
— Vem cá... — e a pôs no braço, e a sentou no parapeito.
— Por que você tá fazendo isso comigo?
— Eu só quero que você perceba, o que já disse. Quer que eu repita?
— Não! ... Me dá tua mão... Sem maldade viu! — ela levou a mão dele até em cima do peito esquerdo dela, afim de que sentisse o coração pulsando acelerado.
— Tu tá com medo?
— Tou, deixa eu descer...
— Pow, fica mais um pouquinho...
— Por que?
— Só pra ti ter nos meus braços um pouquinho... — olhou bem pra ela — afinal não sei qual vai ser a tua resposta... Essa pode ser a ultima vez que te abraço assim...
— Ô Eduardo, por que tu tas fazendo esse drama todo? Você sabe que casar não é morrer, eu vou continuar sua amiga...
— Quem garante?
— Eu!
— Nada vai continuar como antes...
— Vai sim!
— Doce ilusão... Esse cara não vai gostar do jeito da gente se tratar, nenhum homem gosta...
— Você tá dizendo que se você casasse e sua mulher tivesse um amigo você iria proibi-la de vê-lo?
— Não, proibir não, eu só ia deixar claro que não gostava disso tudo...
— Mas ele não vai fazer isso...
— Você quer pagar pra ver?
— Deixa de ser bobo! Tas parecendo criança!
— O que eu posso fazer pra você acreditar em mim?... Poxa Lala, até um dia desses tu dizia que eu era o homem da tua vida... Mudou de idéia?
— Tudo que eu sempre quis foi ouvir isso, mas não agora... Eu esperei tempo demais... Você me pôs de molho... Desisti...
— Poxa, desiste não... Me dá mais uma chance!?!
— Me deixe pensar... Quando eu assimilar tudo que aconteceu hoje eu lhe dou uma resposta...
— Tá certo... — ficaram em silencio, apreciando a paisagem por um tempo.
— Vamos voltar pra casa?
— Certo, mas antes vou dar um beijo nos meus pais...
Na antiga casa dele, ele mostrou além de todas as cartas que ela havia mandado, algumas fotografias e uma caneca que ela tinha mandado de presente com fotos dela. Os dois ficaram recordando e rindo de algumas coisas...
— Ah, como era boa aquela época...
— Ainda pode voltar a ser...
— Não... Num pode... Hoje somos pessoas diferentes, temos realidades diferentes, responsabilidades diferentes...
— Por essas razões hoje seria melhor...
— Não quero discutir sobre isso agora... Me leva pra casa...
— Tá bom...
Pegaram a estrada de volta. Deixou-a em casa pensando... Ela realmente precisava pensar.
Três dias se passaram e ela não ligou, então ele resolveu ir até a casa dela. Do corredor percebeu que a porta estava aberta e que havia um movimento estranho lá dentro, ficou preocupado pensando que era ladrão, mas quando entrou viu que não era. Ela estava sentada no sofá, nervosa, tremendo, chorando, e havia um cara ajoelhado a sua frente pedindo desculpas.
— O que está acontecendo aqui? Quem é você? O que fez com ela?
— Eu juro que não queria fazer isso...
— Isso o que? — falou olhando para o rosto dela que estava vazio, sem expressão.
— ‘Pera aê! Quem é você?
— Sou amigo dela, e você?
O cara olhou pra ela e deu com os ombros, disse que não tinha importância, e disse para ele ir embora que os dois se entendiam.
— Ele não vai embora nada! Senta aqui. — e apontou a cadeira ao lado do sofá — quem vai embora é você! Vai, VAI LOGO!
— Não fica assim... Foi sem querer...
— VÁ EMBORA!!
Depois que o cara saiu, ela chorou mais ainda. Foi quando Eduardo percebeu que os braços dela estavam marcados.
— Ele te bateu?
— Apertou meu braço — disse soluçando.
— E por que ele fez isso?
Entre soluços, lágrimas e palavras ela foi contando:
— Eu tava tentando... Dizer a ele... Ah, foi horrível... Eu disse que... Tava confusa... Não sabia se... Queria real...mente casar... Aí ele começou a apertar... Meu braço... Foi horrível... Ele disse que... Não gostava... Que brincassem... Com ele... Assim... A Letícia tava brincan...do aqui... Eu gritei para ela ir chamar alguém... Ele tava transtor...nado... Nunca o vi assim... Quando percebeu... Que eu estava gritando... Me largou... E começou a pedir desculpas... Aí você chegou...
— Vem cá, vem... Vamos colocar gelo no braço... Ele fez mais alguma coisa com você?
— Não...
— Então menos mal... Eu jamais faria um negócio desses com mulher nenhuma... Que cara mais covarde!
— É, eu sei... Ai!
— Calma, tem que por gelo...
— Obrigada...
— Que isso, estou aqui para isso...
Ele ficou a tarde toda, ela chorou mais de uma hora, até que dormiu. Para não acordá-la acabou ficando a noite toda também. No outro dia eles acordaram praticamente ao mesmo tempo. Ele sorriu e desejou:
— Bom dia!
— Humm...
— Dormiu bem?
— Hum rum...
— Tá melhor?
— Hum um...
— Por que você não fala?
— Bafo...
Os dois caíram na risada, e pra mostrar que não se importava com isso, a beijou.
— O que você tá fazendo aqui?
— Eba, sinal de evolução!
— O que?
— Você não reclamou porque te beijei...
— Besta!
— Passei a noite aqui... Tava preocupado com você... E ele podia voltar pra lhe maltratar...
— Ih... A noite toda aqui acordado?
— Toda não... Eu dormi também né?
— Ah, tá...
— E os braços, como estão?
— Doloridos...
— Ah se eu pego esse cara...
— Faz nada com ele...
— Ah, mas eu vou dizer a ele que ele fazendo isso acabou te perdendo totalmente... E agora a área é só minha!
— Aff, bobo...


Nisso eu acordei e tu num tava aqui, nem eu estava tão velha quanto no sonho, nem me chamava Laura, nem você Eduardo... Mas nossos filhos eram uns anjinhos, lindos, calminhos... Pena que era só um sonho... E sonho contado não se realiza, né?


Suzana Ferreira
Abril, 2002

Anjo

— Alô, Lua? Ta... Oi Lua! Você ligou pra mim? Diz.. Hann... certo... sei, sei... não... é... eitha, e aí? ... Amanhã? Poxa posso não... te contei não? Tou indo pra Garanhuns, pro festival de inverno. Vamos? Unche, que nada, fica lá na casa da minha tia! Boraaa! Lógico que ele vai! Ele não perde um! Deixa de besteira! Ele não vai ficar na mesma casa que eu não... é... não acredito que tu não vai só por isso! Deixa de ser besta!! Poxa, fiquei chateada!... não... tudo bem... da próxima você não me escapa! Sim, mas conte as novidades... – e continuaram conversando.
Letícia e Lua eram amigas desde o jardim da infância, se falavam quase todos os dias, mas mesmo assim conseguiam sempre ter novidades, e passavam horas conversando. Letícia estava namorando Carlos, havia 3 meses, e se davam super bem, nunca haviam brigado, sempre estavam juntos e respeitavam um o outro. Lua não ia muito com a cara dele, mas se ele tornava a amiga feliz, “para quê falar isso para ela?”
Era a primeira vez que Letícia ia para o festival, e também era a primeira vez que iria passar uma semana inteirinha com seu namorado. Estava super feliz por isso.
Carlos chegou um dia antes dela a cidade. Combinaram que quando ela chegasse ligaria para ele, para saírem para ver a cidade e matar a saudade.
— Carlos? Oi paixão! Cheguei! De que horas? Ah ta... então mais tarde a gente se encontra... não... tem bronca não... Sério, eu já disse... não tem problema... lógico que espero você... tou com saudades!! Tá certo então. Beijinhos! Tchau. — e desligou. Mas ficou sentindo que algo não estava bem, achou a voz dele muito estranha: “Ah, bobagem, deve ser minhoca da minha cabeça...”.
Pegou um táxi e foi para a casa da tia.
— Oi Cláudia, oi Mirtis, Oi Bruno! E aí Jorginho, estudando muito! Olá pessoal!... Dudaaaa! Como está a coisa mais safada dessa casa??? Não Duda, não!! Pare!!! Nãooooo... Dudaaaa... não me lamba!! Eu já disse pra parar! Sua cadela danada!! Me sujou todaaa!! Oi tia! Tudo bom? Deixa eu ir logo me limpar... já já falo com vocês...
Fazia um ano, ou mais que não visitava a tia. Essa tia era solteira, morava sozinha com Duda, uma poodle muito sapeca. A casa era grande, por isso todos os anos os primos iam para lá no festival, e levavam seus amigos sem problemas. Esse ano estavam três pessoas extra na casa, além da família.
Após o lanche da tarde foram todos para o parque, ver um show de MPB. Chovia um pouco, e fazia bastante frio. Letícia não conseguia parar de pensar em como seria ótimo se Carlos estivesse ali com ela, para se aquecerem.
A noite chegou, e Carlos apareceu. Estava muito estranho mesmo.
— Paixão! Tava morta de saudades! Vem cá... — e foi dar-lhe um beijo como de costume, mas ele desviou.
— Precisamos conversar...
— ok... Fale.. o que houve?
— Lê, eu te adoro!...
Ela baixou a cabeça e ele continuou:
— Você é muito especial, esse tempo que estivemos juntos foi maravilhoso... Você é super gatinha, muito carinhosa, muito compreensiva...
— Mas você não quer mais namorar comigo, não é isso? — ela disse com um sorriso irônico no rosto.
— Eu gosto muito de você, muito mesmo, mas agora percebi que esse gostar é amizade, gosto de você como amiga...
— Tá bom... tudo bem... eu já conheço esse texto... só queria saber se você notou que sou sirvo pra você como amiga de ontem pra hoje... eu acho que não! Você poderia ter me preparado para isso, poderia ter me dado um toque. Por que não me falou o que estava se passando com você? Eu vim pra cá, tínhamos planejado mil coisas para fazermos juntos, agora não tem sentido para eu ficar aqui... todos os lugares que for pensarei como seria se você não soubesse que sou apenas uma amiga pra você... pra mim a diversão acabou aqui. Ou melhor, nem começou... volto para Recife amanhã mesmo!
— A gente não precisa acabar a amizade...
— Concordo, mas não posso trocar tão facilmente o que sinto por você por uma simples amizade... você sabe exatamente o que sinto por você, e eu não tenho dúvidas quanto a isso. Vou precisar de um tempo para lhe ver com outra e não sentir vontade de matá-la... ... sabe, eu sempre quis mais, e sempre te dei mais, e agora você me pede para te dar menos, bem menos... isso pra mim não é tão fácil assim... Agora, por favor, vai embora! — disse isso com suas últimas energias.
— Não quero que fique com raiva de mim...
— Tarde demais... Vai logo!!!
E ele foi. Ela entrou, passou direto para o quarto e caiu no pranto. Ninguém havia notado que ela tinha entrado lá, nem como ela estava triste, apenas Duda, que a acompanhou... Deixou a luz do quarto apagada, não queria que soubessem que estava ali. Não queria que a vissem chorando.
Depois de tomar banho, um dos amigos do primo dela foi se vestir no quarto onde ela estava. Ele não notou sua presença até acender a luz.
— Desculpe, não sabia que tinha alguém aqui... você está bem? O que houve? Ô essa menina, não chora não! Fala comigo!! Tá sentindo dor? Faz assim não... não choraaaa!! Já sei! foi o namorado, não foi? Só pode ser... poxa, me diz quem te deixou assim!! Foi Bruno né? Tu és namorada dele, né?
Ela balançou a cabeça negativamente. “Sou prima dele” falou isso quase que sem falar...
— Olha só, vou te dizer uma coisa... você não deve ficar assim tristinha não... fique muito feliz... você não perdeu nada, tenho certeza... quem perdeu foi ele... Nenhum homem merece uma lagrima sua. Pára de chorar!... Uuuui... Olha pra mim... — e se levantou — eu aqui, enrolado nessa toalha molhada e fria, morrendo de frio, tentando te fazer parar de chorar... em consideração a esse sacrifício meu você poderia pelo menos parar de chorar por 3 minutinhos né? Me conta o que houve...
Ela olhou para ele, sorriu, e enxugou um pouco as lágrimas.
— Vai se trocar menino, se não tu gripas! Pode se trocar aí mesmo, eu não me importo, juro que não olho...
— Tá certo... — e se virou de costas e começou a se vestir — se você olhar vai parar de chorar rapidinho... vai começar a rir um bocado! Tenho certeza!! E vai esquecer esse talzinho aí...
Ela deu uma risadinha discreta...
Depois de se vestir ele sentou ao lado dela, ela já parecia mais calma.
— Pronto, agora estou melhor, e você?
— Não sei...
— Como não sabe? Lógico que está! Eu tou vendo! Você já jantou?
— Já!
— Tenho chocolate aqui, quer?
— Eu adoro chocolate, mas não estou com vontade agora não, obrigada.
— Poxa... mas chocolate é tão gostoso, né?
— É... Olha, acho melhor você ir... o pessoal já tá se arrumando, jaja vão embora e te deixam aqui...
— Vamos lá então! É a primeira vez que venho aqui... tou dando trabalho para tua tia...
— Tá nada... ela gosta de receber visitas... e todo mundo aqui cuida de si... ninguém aqui precisa de babá mais, então não dá trabalho... Olha, o pessoal tá saindo...
— Vamos! — e a puxou pela mão.
— Não vou hoje, não... vou aproveitar pra arrumar minha mala...
— Unche! Chegasse quando?
— Hoje.
— E vais embora quando?
— Amanhã.
— Unche! Veio aqui só passar a noite?
— Não! Vim pra passar os dez dias, mas não tou muito a fim de ficar mais não...
— Por que?
— Tou um pouco triste demais para encarar um festival...
— Desculpa interromper, mas se vocês vão com a gente, já tamos indo...
— A gente já vai... Você conhece aqui? Sabe chegar lá no show?
— Sei não... venho aqui com meus pais, não sei andar sozinha não... já disse... vai com eles... eu não vou!
— Por favor!! Vamos!!! Sua tia sabe que tá pensando em ir amanhã?
— Não!
— Então vou contar a ela, tenho certeza que ela não vai deixar você sair assim daqui!
— Não faz isso, por favor!
— Então deixe de coisa, vamos logo! Você já tá até pronta! Esse casaco é seu não é?
— É sim, mas...
— Mas nada! Vamos! E vamos logo, se não vamos nos perder! — e a puxou pelo braço e ela foi...
No caminho ele ficou tentando alegrá-la. Sempre fazendo palhaçadas, contando piadas, arrancando sorrisos com brincadeiras bobas. Ao chegarem na praça de eventos ela avistou logo uma amiga do colégio, e foi cumprimentá-la.
— Tatiiiii! Quanto tempo ein! Como estas?
— Lêêêê! Tou bem... e você?
— É né...
— Cara, sempre soube que tu tinhas bom gosto, mas esse teu namorado é super gatinho...
— Que namorado?? Meu namoro acabou hoje... tou arrasada aqui...
— Unche, e como é que tu acaba o namoro e ainda fica assim pertinho do ex sem dar chilique... se fosse comigo...
— Tas doida mulé??? Esse não é meu namorado não!!
— Oi, eu sou um amigo dela... Desculpe me meter assim na conversa, mas não pude deixar de perceber que falavam de mim...
— É, esse é o ...
— Gabriel.
— Unche, como é isso... ele é teu amigo e tu nem sabe o nome? Que história mal contada! Já escalou outro foi?
— É que nos conhecemos há pouco tempo, ainda não tínhamos nos apresentado... ele é amigo do meu primo... e não quero saber de homem por um bom tempo!
— Então me deixe apresentar vocês: Gabriel, essa é a Letícia, ela tá solteira viu! — deu uma risadinha — Letícia, esse é o Gabriel... parece ser um bom carinha...
Ele apertou a mão dela e deu dois beijinhos na face.
— Pronto! Eitha, começou o show... vou lá pra frente, vocês vêm?
— Não... agora não... vou tomar um chocolate... mais tarde a gente se vê... Divirta-se por nós duas!!
— Já que você manda... eu obedeço! Fui!
Os dois novos amigos se dirigiram ao chocolate e ficaram olhando o show de longe e conversando, rindo, se conhecendo. Hora de voltar para casa...
— Nossa, o tempo voou!
— Foi mesmo! Sabe, adorei ter passado essa noite conversando com você! Você até me fez parar de pensar no Carlos, no que ele me disse...
— Esse cara não te fez bem... Deixa ele de lado!
— É exatamente por isso que estou indo embora amanha... tudo aqui me lembra as coisas que conversamos...
— Vá não! Mostre pra esse bobo que você não tá nem aí pra ele... não deixe ele acabar com esses seus dias de lazer... fique aqui e mostre que mesmo ele fazendo o que fez não vai conseguir te derrubar... não deixe ele ver que te deixou triste, te abalou...
— Não sei...
— Se não sabe, eu sei! você vai ficar! E amanha vamos acordar cedinho para ver as coisas, e conhecer a cidade! Pronto! Decidido!
— Você é maluco sabia?
— Sabia... tenho até atestado!
Ela riu. Chegaram em casa, foram dormir logo para acordar cedo no outro dia. E acordaram. Quando Letícia acordou, Gabriel já tinha tomado banho, comido algo e estava assistindo tv esperando ela acordar e se ajeitar. Quando ela ficou pronta, saíram.
Como não tinham marcado nada para conhecer, tudo era bem vindo. Andaram bastante, conheceram muitas coisas, conversaram bastante também. Estavam sempre juntos. Como estavam sempre juntos, Bruno começou a tirar onda com a cara dos dois:
— Gabriel, toma cuidado! O namorado dela é um gigante... com um sopro te quebra todim!
— Primeiro: eu não tenho medo de gigante! Segundo: ele não vai me quebrar não!
— Bruno, deixa de ser besta! Tem nada a ver isso! E eu não tenho namorado mais!
— Ah... Então tá explicado! É por isso que tu num tá com medo dele né Gabriel?
Todos riram... Ficou um clima de desconfiança no ar. Essa amizade estava muito estranha.
Os dias foram passando, e os amigos se divertindo, conhecendo a cidade, curtindo os shows e atrações. No quarto dia do festival decidiram por ficar em casa: Gabriel estava meio gripado, e Letícia preferiu ficar para ver um filme na tv. Os dois passaram a noite vendo tv, brincando e tomando chocolate quente feito por Letícia. Ela dizia que acrescentado uma porção mágica no chocolate que faria o amigo melhorar logo. Acabaram dormindo na sala mesmo, na frente da tv.
No último dia, eles estavam em clima de adeus. Apesar de morar na mesma cidade, eles agiam como se morassem em outro país.
Após o almoço, Letícia chamou-o para o jardim e lhe entregou um bilhetinho:
“Gabriel, Muito obrigada por me ajudar a superar esse momento. Esses dias foram ótimos! Obrigada por não me deixar ir embora naquele dia. Adorei te conhecer. Beijo. Letícia”.
Ele leu, arrancou uma florzinha do jardim:
— Você me pegou de surpresa! Isso pareceu um adeus. Mas não quero que você desapareça. Podemos continuar amigos quando voltarmos a Recife. — e entregou-lhe a flor.
— É lógico que vamos continuar amigos!! Só queria mesmo te agradecer. Você foi super legal!
— Não tem de que agradecer. Você é que é demais.
Durante a noite, no último show, Letícia, que estava sorrindo, ficou séria de repente.
— O que foi?
— Carlos!
— Esquece ele.. Deixa ele pra lá! — e a puxou pela cintura e a beijou.
— Por que fez isso?
— Porque gosto de você, e quero namorar você. Não vou te magoar como esse aí... — ele nem terminou de falar e ela o beijou.

...
— Lua, voltei! Tenho novidades!! Carlos? Que Carlos? Unche é passado... Agora tou com um anjo... Um verdadeiro anjo que apareceu na minha vida! ...É!!! ... Gabriel... Ah... Mil vezes melhor que Carlos!... ... ...




Suzana Ferreira
08/09/2001

11.11.09

Cartinha do dia das Mães

Esse texto eu escrevi para Isis em Maio de 2005.

Cartinha do dia das Mães

Querida Mamãe,

(Eu ainda não sei escrever, por isso mandei uma mensagem através da minha madrinha para a senhora.)

Esse é o seu primeiro dia das mães de verdade! Parabéns!

Há um ano atrás eu estava dentro do teu ventre, louco para sair e conhecê-la, e a senhora também queria muito saber como eu era...

Há pouco mais de 5 meses nos vemos pela primeira vez... Foi tão emocionante ver o rosto dessa mulher tão especial, que me levou durante nove meses dentro dela, que teve todos os cuidados
comigo até aquele momento, fiquei pensando como seria o meu futuro como teu filho. Olhei para a senhora e estavas com os olhos cheios de lágrimas, sei que não eram de tristeza, eram de emoção. Então tive a certeza que seremos muito felizes, teremos muito amor um pelo outro, e que a senhora é muito especial.

Ser mãe é uma tarefa muito difícil, e prazerosa em alguns momentos. A nossa sorte é que esses momentos de prazer são muito mais fortes e marcantes que os de dificuldades... Sei que às vezes dou muito trabalho, faço mal-criação, dengo, não quero dormir, não quero ficar no carrinho, não quero ficar sozinho... E peço que continues tendo paciência comigo, pois estou começando a minha caminhada agora, e com toda certeza te darei muito mais trabalho do que te dou hoje. Um dia, retribuirei esse carinho e paciência nos momentos mais difíceis.

Ah, tem uma coisa que quero te falar... Sabe quando a senhora diz: "Te amo, meu filho!", todas às vezes tento te dizer "Eu também te amo, mamãe!" mas ainda não sei falar..... Mas falta pouco tempo para que eu possa retribuir tudo que a senhora me dá (com palavras e tudo)!

Não existe melhor mãe no mundo!
TE AMO, Mamãe!!

Beijos no coração,

Max Lopes Ferreira

Por Suzana Ferreira (maio.2005)

Fundo do Poço

Mensagem do Meu Anjo - Fundo do Poço

Existem dias em que tudo o que enxergamos é o poço profundo,
é onde o abatimento pelas situações contrárias pesa,
é quando não temos mais desejo por nada.
Nosso olhar é para o chão, com foco no vazio.
Se dormimos, não sonhamos,
se sonhamos, são pesadelos,
se tentamos nos animar, é passageiro,
é como uma brisa que passa,
quando precisamos é de vento.

Pois é do fundo de poço que te faço o convite:
- olhe para cima!
Há uma luz brilhando na saída do poço!
Há uma esperança enorme que pode ser convertida,
que pode deixar de ser utopia para ser realidade.
Não olhe mais para o seu tamanho,
nem se fixe nos problemas,
apenas olhe para o alto do poço,
veja o sol refletindo nas paredes,
veja as gotas da chuva alimentando a terra,
gerando nova vida.

Assim, eu te digo, que "Aquele" que se preocupa com a semente,
que se importa com os passarinhos,
que tem velado pelas árvores, pelos oceanos,
se preocupa com você e,
"tem tanto amor para lhe entregar,
que mesmo entre as piores dores,
você vai se levantar."

Esse é o Deus que não mede distâncias,
que não escolhe privilegiados,
que hoje sai pelas ruas em busca dos que estão doentes,
dos que estão encarcerados em si mesmos,
dos que tem a visão embaçada,
e até daqueles que nunca o procurou,
e se mostra simples, se faz humilde,
abre os braços fraternos e diz:
Estou aqui!

Entregue-se a este abraço eterno,
que te aliviará os fardos do tempo,
renovará sua jornada, te fará uma nova pessoa,
pois em Cristo, tudo se renova,
tudo se faz novo, até o fundo do poço,
ganha cores impressionantes,
e deixa de ser um buraco escuro,
para ser plataforma para a sua subida,
para o alto, seguro e confiante,
repetindo com certeza, sem hesitação:
-Cristo está comigo, a quem temerei?
Esta é a minha mensagem, para o seu coração.
Que assim seja!

Paulo Roberto Gaefke

8.11.09

Pausa

Segue agora mais um texto cheio de poeira... ;)

Pausa

“Droga de dia!” Pensa enquanto dirige retornando para casa. Rádio ligado em uma estação de música clássica, a fim de tentar baixar a freqüência dos pensamentos. Eles estão em ebulição dentro da sua cabeça.

Ao passar por um motel, resolve voltar e entrar. Em casa não teria tanta paz. Por mais que morasse sozinha tudo na sua casa remetia a algum pensamento: “preciso organizar esses livros”, “tenho que lavar minhas calcinhas”, “esqueci de comprar o arroz...” Ela precisava fugir desses pensamentos de cobrança ou mesmo preocupações tolas.

O trabalho já, por si só, a preocupava 24 horas por dia. Não sabia mais o que era estar sozinha, totalmente sozinha com seus pensamentos, voltando-os apenas para seu próprio bem estar.

- Por favor, uma suíte com hidromassagem?

- Apartamento 27. Segunda à esquerda.

- Obrigada.

Primeira coisa a fazer: desligar o celular. Esse é o primeiro passo para se isolar no atual mundo globalizado.

Achou sua suíte. Estacionou e abriu a porta. Sentiu um cheirinho bom, lembrava aroma de rosas. Era uma suíte simples, porém bastante aconchegante. Caminhou lentamente até a banheira. Abriu as torneiras e sentou-se na borda. Ficou ali, sentada, olhando a água cair e respirando profundamente. Passou de cinco a dez minutos estática. Nem ela mesma tinha noção do que estava se passando em sua mente. Desligou-se mesmo.

Levantou-se, dirigiu-se até a cama, deitou-se sem pressa. E teve a idéia de olhar o cardápio do local. “Ótimo, sais de banho!” E pediu que mandassem os sais.

Preparou o banho e foi imergindo lentamente na banheira. “Nossa, já tinha esquecido como é bom relaxar...”. Ligou a hidromassagem para relaxar ainda mais. Ficou um bom tempo sentindo a pressão da água morna massagear seus músculos. Desligou a hidromassagem e ficou paradinha, de olhos fechados, esvaziando sua mente de todos os pensamentos que a perturbavam. Ficou uns 40 minutos apenas respirando e curtindo a água. Quase dormiu.

Quando resolveu sair da banheira seus dedos estavam parecendo uvas-passa. Secou-se, deitou-se na cama e dormiu, profundamente.

No outro dia, parecia que nem havia problemas.



Suzana Ferreira
13 de junho de 2003

7.11.09

Amigos

hä um bom tempo atraz eu escrevi alguns textos/contos, e aqui publiquei quase todos, mas, buscando por eles notei que alguns faltavam, então criei um marcador :Textos meus e estou colocando os que faltavam.

Abaixo segue mais um: Amigos

Amigos

— Eu me flagrei pensando em você... em tudo que queria lhe dizer... numa noite especialmente boa...
— Hummmmm, tá conquistador hoje?
— Hoje só? Eu sou um conquistador nato!
Riram os dois.
— Bó sair hoje? Vai a galera toda...
— Vou não cara, vou ficar na casa da patroa...
— Ah, então vocês estão bem pacas, né?
— É... (fez cara de “podia estar melhor”)
Foi para sua casa, a fim de tomar um banho e ver sua amada. Ao chegar em casa, ouviu através de um telefonema que ela estava muito cansada, queria dormir cedo.
— Tudo bem, você precisa descansar mesmo, outro dia a gente se ver...
Não era a primeira vez que isso acontecia, na verdade, ultimamente isso vinha ocorrendo com muita freqüência. Ele sentia que ela já não estava tão ligada a ele, não parecia estar interessada no namoro.
Ele perdeu completamente a vontade de ir a qualquer lugar, e resolveu que não ligaria mais para ela, só para testar até quando eles ficariam sem contato.
Para se distrair, acessou a internet, encontrou velhos amigos e conheceu uma nova amiga.
Depois de um tempo de conversa descobriu que essa nova amiga conhecia a sua namorada. Conversaram um pouco sobre ela, mas a amiga não quis falar muito, por não conhecê-la tão profundamente. Mesmo assim ele comentou sobre a mudança de comportamento, o que estava fazendo com que ele perdesse o interesse na relação.
— Sabe aquela música “Sozinho” de Caetano Veloso?
— Sei...
— “Por que você me deixa tão solto? E se eu me interessar por alguém? E se ela derrepente me ganha?” “Não sou e nem quero ser o seu dono... é que um carinho às vezes cai bem...” Tá ligada?
— Tou... acho que você deveria conversar com ela...
— É, se ela quisesse... Eu tou tentando já tem um mês...
E entraram em outros assuntos. Realmente iniciava-se uma amizade forte. Passavam horas conversando... perdiam até o sono durante as madrugadas.
Uma semana, duas, e ela não ligava. Ele se pegou várias vezes quase ligando, mas conseguiu se segurar. O que mais o espantava era que ele já não sentia tanta falta assim. Ele começou a perceber algumas coisas em sua namorada que ele não havia percebido antes, e isso começou a incomodá-lo cada vez mais, até ele chegar no ponto de não suportar tais características dela.
E sua amiga sempre do seu lado, lhe ajudando de alguma forma. Um dia ele tomou uma decisão, nem comentou com ninguém, simplesmente pôs um fim no namoro que já nem assim se podia chamar. Ele não tinha a intenção de namorar sua amiga, apesar de algumas pessoas próximas acharem que sim. Naquele momento ele apenas queria se sentir melhor, e ao lado dela ele se sentia seguro, ela trazia um sentimento de paz, alegria.
Todas as vezes que ia sair, dava um jeito de convidá-la, pedia, implorava, suplicava que ela fosse, e quando ela não ia, ele também não queria mais sair. Mas quase sempre ela o atendia.
— Ei, bora para o cinema? Ver aquele filme que tu tas querendo ver, eu também, mas a galera não...
— De que horas?
— Agora!
— Tá bom... Já já chego aí...
Começa o filme, e como de costume os dois estão conversando. Do nada ele calou-se e ficou admirando a beleza dela, o jeito dela falar. Foram poucos segundos, até ela perceber que ele a estava olhando, mas para ele foi uma eternidade, onde ele pôde pensar um zilhão de coisas, imaginar como seria, e até perguntar se ela diria “sim”.
— O que foi?
— Nada...
E seus rostos se aproximaram. Finalmente sentiram os lábios se tocaram. Um calor formigante misturado com frio tomou conta dele. E naquele momento ele só conseguiu pensar: “é ela!”



Suzana Ferreira
Agosto de 2002

3.11.09

Pensamentos

Sempre senti que tem alguém me vendo, alguém que me ama, e esse alguém eu chamo de Deus... Sinto que posso falar com ele, e que ele me responde sempre... De várias formas.

Sinto que existe alguém dentro de mim, além de mim mesma, que me ajuda nos meus caminhos, mostrando-me sempre que devo ser prudente, paciente, e perseverante... Esse alguém eu chamei de Anjos da Guarda... Noto que eles estão sempre comigo, me protegendo onde preciso de proteção e me auxiliando onde preciso de auxílio.

Sobre a morte, hoje estou aprendendo a vê-la de forma diferente... Não existe morte... Existe transformação, só isso...
Estou até pensando em substituir completamente essa palavra no meu vocabulário... utilizar apenas transformação...