Não pude evitar...
Achei esse post MARAVILHOSO!
Pense num blog bom!
Dá uma lida e diz se não concorda comigo...
A Escritura de Declaração de União Estável
Foi na crise dos seis anos. Ué, mas não é no sétimo ano que rola uma crise? Não. Casados tem crises o tempo todo. Períodos "de bem" são "bônus round", o resto do tempo é um toma-lá-dá-cá sem precedentes.
Depois de seis anos morando com alguém, surge a necessidade de uma reviravolta. Vale casar, ter filhos, ou construir uma casinha para o cachorro, mas alguém precisa fazer alguma coisa, caso contrário haverá uma mulher morta dentro da relação.
Eu estava exausta. Tínhamos acabado de resolver todos os problemas financeiros da nossa vida juntos e eu estava cansada e crente de que, se não haviam mais problemas, não tinha porque haver relacionamento. Não me perguntem porque. Mulher é um bicho que pensa o que quer, somos as campeãs das viagens na maionese e eu fico lelé com as minhas encucações.
Estava insegura, triste e achando que o casamento estava no fim mas, como eu não podia fazer nada, comecei a implicar com a minha assistência médica.
- Este meu plano de saúde é uma droga! Fui no dermatologista e ele disse que eu não vou ficar careca nunca.
Maridon me olhou tentando compreender o que estava acontecendo.
- É... você pode ter um câncer e uma quimioterapia, talvez, deixe você careca por um período. Nervosinha do jeito que você está, é possível que esta sua vasta cabeleira diminua um pouco também. Mas, fora isso, acho que ele tem razão, você nunca vai ficar careca.
Eu, indignada, olhava no espelho, procurando "entradas" no meu coro cabeludo.
- Olha aqui! Olha! Minha risca já tem um dedo de espaço e eu não acho um médico decente que trate desta queda de cabelo.
Maridon rindo.
- Que um dedo Alessandra? Onde? Você é louca! Por que não muda de assistência médica? Já falei mil vezes pra você mudar de seguradora.
- Já mudei três vezes...
- Uma pior que a outra! Muda pra minha, vivo te dizendo para mudar pra minha.
- E eu vivo te dizendo que eles não aceitam. Só aceitam gente casada.
- Então a gente casa. Vamos em um cartório, casamos e acabamos com isto.
- Mas você não quer se separar de mim?
- Quê?
- É que eu achei que... nada. Eu não vou casar com ninguém só pra ter uma assistência médica bacanona!
- Alessandra, nós somos casados há seis anos. É só um papel. A gente vai lá, faz o que tem que fazer e só. É só pra ter um bom plano de saúde, sim! Ou você acha que nós não somos casados?
Fiquei surpresa. Maridon era um anti-burocracia e quando o conheci eu soube de cara que ele queria distância de papel passado, certidões de nascimento e escrituras, mas era claro que nós éramos casados e era claro que eu era uma louca estressada que estava achando coisas que não existiam. Depois de tanto tempo juntos e com tantos problemas que tivemos que enfrentar, achei que ele não se importasse mais comigo, mesmo eu estando careca de saber que ele se importava. Precisei me descabelar para enxergar que o tempo não havia diminuído o que sentíamos um pelo outro.
No cartório, disseram pra nós que no nosso caso era só fazer uma escritura de declaração de união estável, que apesar de ter um nome assustador, era só uma declaração com o mesmo valor legal de uma certidão de casamento, mas especifico para pessoas que já moravam juntas, pois era retroativo. Olhamos um pra cara do outro...
- Moço, só um minutinho pra gente pensar. - Puxei o maridon de canto. - E ai? O que você acha?
- Eu acho que a nossa relação é tudo, menos estável.
- É, tem razão.
- Mas é engraçado...
- Mas é pra ser engraçado?
- Não, mas se resolve e é engraçado, melhor.
- É... isso é verdade.
- Vamos fazer este?
- Vamos.
E foi rindo da escritura de estabilidade que o nosso casamento não tinha, que resolvemos a nossa crise dos seis. Ainda bem! Escapamos da idéia de ter filhos ou mudar para uma casa maior só para construir uma casinha pro cachorro que nós nunca tivemos.
Alê, parabéns!
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