4.7.03

Emergir

Engraçado, quando somos crianças é que deveríamos ser cheios de inseguranças por não saber muitas coisas, mas acaba acontecendo o contrario... Quanto mais crescemos mais nos tornamos inseguros... Talvez quanto mais saibamos, tenhamos mais consciência de que menos sabemos!
A relação entre consciência, insegurança e inconsciência é uma questão com diversos parâmetros que podem ser analisados. A inconsciência é a parte do nosso pensamento que fica isolada pelas regras impostas pela sociedade. São os impulsos contidos, àqueles que não são aceitos. É o rejeito dos nossos instintos. Enquanto crianças, esse muro, esse bloqueio ainda está em formação. É construído por nossas experiências e pelos reforços negativos às nossas ações. Talvez por isso, ainda quando crianças, pudemos ter sido mais livres e seguros. Não tínhamos amarras. Praticamente não existia o certo e o errado. A culpa e o perdão.
Com o passar dos anos, com o condicionamento e as imposições da família, escola e sociedade criamos nossas inconsciências, que antes eram apenas impulsos ou até mesmo vontade, mas que hoje são desejos reprimidos por regras que assimilamos e temos medo e pouca responsabilidade para quebrar. Limites estes que não são apenas imposições sociais, mas que são também receios e medos. São algumas de nossas fraquezas... Experiências negativas que nossa inteligência natural sentencia para inconsciente, para proteger-nos. Surge aí a insegurança. Ao mesmo tempo em que a quantidade de informações contidas no nosso inconsciente aumenta, cresce também o nosso conhecimento real sobre as coisas. E quanto mais percebemos que conhecemos, mais questionamos alguns de nossos morais. Ficamos na frustração entre o agir e ser passivo. Entre o ser e o aceitar. Entre o escolher e o decidir. Só que essa situação é contraditória e caótica. Quanto mais informações temos, menos inconsciência deveríamos ter. Quando isso não ocorre, geramos a insegurança que é o primeiro passo à frustração. A inconsciência não é nada intocável. Podemos manipulá-la, alternar seus conceitos e sermos mais seguros, felizes e por fim, livres.

Tom Marcelino
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Impressionante como ele escreve bem!

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