29.9.03

Meus medos

Esse texto eu escrevi no começo desse ano, já publiquei aqui, mas tou republicando...

Meus Medos

Sempre disse que sou medrosa. Infelizmente é verdade. Nasci com medo de não sobreviver, crescir com medo de virar adulta, e vivi com muitos medos. Talvez a única coisa que não tenha medo seja a morte, talvez por achar que ela ainda esteja longe.
Quando criança tinha medo de ir no banheiro sozinha a noite, até hoje é uma raridade ter de levantar-me no meio da madrugada, não mais pelo medo, mas pelo costume.
Medo de filmes, por menos assustadores e mal produzidos que sejam, sempre tive. Entro num ciclo de pesadelos que duram semanas, meses ou anos. Minha mãe sempre disse que não há outro modo de superar um medo senão encarando-o. É fácil enfrentar o medo de algo físico, como o escuro, animais, filmes ou altura. Mas e os medos sentimentais?
Desde os 12 anos, quando levei meu primeiro fora sério, tenho medo de me apaixonar, me envolver, tanto que só depois de quatro anos eu consegui arrumar um namorado, um completo desconhecido que antes de começar a conhecer, fugi.
Depois vieram os medos de ser traída (como fui algumas vezes), de estar ausente ou presente demais, de iludir ou ser iludida.
Sempre acreditei que amar, só se ama uma vez, ou raríssimas vezes. De uma forma diferente, amei virtualmente alguém. E mesmo sendo apenas virtual, sem nunca ter tocado, sentindo, abraçado, beijado ou visto, passei mais de 5 anos pensando nele e todas as vezes que ele aparecia novamente em minha vida, todo aquele sentimento voltava, independente de com quem eu estivesse. Apenas com outro amor, dessa vez real, pude esquecer esse.
Amar é uma coisa que me angustia, agora mais do que nunca. Meus amigos dizem para não em preocupar, logo estarei recuperada, inteira, amando novamente, mas para que? Será que vou mesmo um dia tirar esse sentimento, que durante algum tempo me deu conforto e alegria, mas agora só me traz dor, de mim? Para que amar alguém? Depois ou ele ou eu resolvemos que não vale a pena estar juntos, e aí vamos nos armagurar, ter medo de sofrer novamente.
Sei que se as pessoas tivessem menos medo de amar a vida seria melhor, as pessoas mais sinceras, o sofrimento menor. Mas não consigo. Me sinto fraca e impotente diante desse medo. E isso se estende ao medo de ser feliz e depois perder o chão.
Queria não ter medos. Ser uma brava leoa que não teme, só se defende, mas sou mais parecida com o leão da Doroty.

Suzana Ferreira
01.01.03

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