25.2.02

Malba Tahan e os presidenciáveis
MARCELO BERABA

RIO DE JANEIRO - Malba Tahan foi o pseudônimo criado por um dos mais criativos professores de matemática que andou por estas bandas, Júlio César de Mello e Souza. Ele escreveu dezenas de livros saborosos que ajudam a digerir a intragável disciplina, entre eles um clássico, "O Homem que Calculava".
Uma das obras de Malba Tahan tem como título uma referência a Platão, "Os Números Governam o Mundo". É uma exaltação aos mistérios dos números e às suas simbologias, mas que vem sendo interpretada por alguns presidenciáveis ao pé da letra.
Veja o caso de Roseana Sarney. Ela passou a semana no Rio percorrendo organismos técnicos atrás de números que ajudem a atenuar os indicadores sociais e econômicos que colocam o Maranhão como um dos Estados mais miseráveis do país.
Não satisfeita em brigar com os algarismos, ela quer brigar com os conceitos que geram os indicadores. Talvez mudando-os, eles possam ficar mais palatáveis para os eleitores e a ajudem a governar o mundo.
Outro caso é o do Garotinho. A violência vem sendo o calcanhar de Aquiles de todos os governadores do Rio desde 1982. Garotinho estava certo de que venceria, enfim, essa luta. Por várias razões, algumas inclusive que fogem da sua alçada, não deu.
Os índices de criminalidade ainda são altíssimos. O carioca continua inseguro. Pesquisa de rua feita pela TV Globo mostra que a violência é o maior problema nos bairros.
Mesmo assim, o governo publicou anúncio para provar que os investimentos em segurança pública deram resultados. Só que os números usados foram distorcidos, com comparações indevidas e omissões relevantes.
A demagogia foi substituída pelo "cientificismo" dos algarismos. Mas os números também mentem.
Que Malba Tahan, no céu, tenha piedade dos que acham que, com distorções, truques e maquiagens, governarão o mundo!

Nenhum comentário: