20.2.02

Nada a ver com preços, não sabia da crise de energia, não conhece "dívida"

Nada é tão elucidativo e convincente a respeito do desgoverno FHC, do que a questão do aumento do preço da gasolina. O aumento propriamente dito nem entra em causa, o importante são as circunstâncias.
1 - A Petrobras não precisa de autorização para AUMENTAR ou DIMINUIR o preço.
2 - Esse preço é regulado pelo mercado internacional.
3 - O petróleo sobe, atinge a Petrobras, baixa, atinge novamente a Petrobras.
4 - Isso apenas numa parte e não no todo.
5 - Por um outro ângulo, a BAIXA do preço do petróleo, como ocorre agora, prejudica a Petrobras.
6 - Ela ganha um pouco na importação, mas perde muito na exportação.
7 - Assim, é fácil concluir que os estudos são técnicos, não podem estar sendo levados ao Planalto, diariamente.
8 - Acontece que sendo falastrão, FHC a toda hora tem que se desmentir, como aconteceu agora: disse que não concordaria com o aumento.
9 - Depois reconheceu o equívoco, falou na televisão: "Não tenho que autorizar aumento ou baixa do preço, só quero receber explicação". Ha! Ha! Ha!
10 - O pior de tudo, é que não lembraram do presidente, provocaram tantas gargalhadas quanto as do filme, "esqueceram de mim". O Ministro da Energia, o inepto José Jorge disse que falou com Pedro Parente. O Ministro do Apagão, confirmou, não lembrou de falar com FHC. Que República.
* * *
Agora vejam bem, meditem, examinem as coisas e se assustem com as próprias conclusões: se isso ocorre com a maior empresa do Brasil, uma das maiores do mundo, o que não deve acontecer em outros setores? Já é público e notório o desconhecimento total do presidente da República, em relação à crise de energia.
Quando o Apagão teve que ser institucionalizado, criado um ministério "para administrar a falta de energia", o próprio FHC apareceu numa cadeia de rádio e televisão, e confessou para estarrecimento do cidadão-contribuinte-eleitor: "Eu não sabia de coisa alguma, não me disseram que havia falta de energia".
Isso seria inacreditával em qualquer regime, mas pior ainda no presidencialismo brasileiro. No Brasil, tradicionalmente o presidente pode tudo, aquilo que está no artigo II da Constituição não vale nada. O que diz esse artigo II? O seguinte:
SÃO PODERES DA UNIÃO, INDEPENDENTES E HARMÔNICOS ENTRE SI, O LEGISLATIVO, O EXECUTIVO E O JUDICIÁRIO.
Só que com FHC, o Executivo é muito mais harmônico, poderoso e independente do que os outros. Pois além de todos os Poderes, FHC DETURPOU as chamadas MEDIDAS PROVISÓRIAS, se valendo delas por mais de 3 mil vezes. (Ainda agora, voltando do recesso, o Legislativo tem diante de si 3 MEDIDAS PROVISÓRIAS, que não pode recusar, tem que aprovar de qualquer maneira).
E antes mesmo de ganhar a reeleição como um presente de Papai Noel, FHC gritou bem alto: "Sem as medidas provisórias o País não tem governabilidade".
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A ausência de FHC dos problemas, das suas causas e conseqüências, é inédito, aético, eclético, antiestético, só não é mesmo asséptico. Os exemplos da ignorância de FHC em relação a tudo, são tão exuberantes, que vamos circunscrever a um último capítulo: "dívida" externa e interna, aumento de juros.
Esses são dois itens tão importantes, de tal repercussão em todos os setores da vida do cidadão, que se pensava ou se esperava que o presidente da República, fosse ele quem fosse, (mas no caso FHC) levasse para a cama, tratados sobre o assunto. Nada disso.
Num dia, quase noite, às 7 horas, já com as luzes quase acesas, os juros estavam em 27 por cento, queriam aumentá-los. FHC, sem o menor constrangimento, e sem pagar royalties aos herdeiros de Tancredo Neves (pois foi o presidente que não assumiu, que disse isso num discurso famoso, já eleito) afirmou: "Não posso aumentar os juros, tenho que pensar no meu povo".
Pode até ter pensado mesmo no povo, mas também pensou que mandava muito mais do que imaginava. Pois 4 horas depois, às 11 da noite, o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, aumentou os juros para 49 por cento. Quase dobrou, sem comunicar nada ao presidente, e até d-e-s-m-e-n-t-i-n-d-o-o.
Quer dizer: quem havia "emprestado" ao Brasil, interna ou externamente, 1 bilhão (de dólares ou reais, tanto faz) dobrou os ganhos numa noite. (Isso, nem em Las Vegas). Quem ganhava 270 milhões por cada bilhão, passou a ganhar 490 milhões pelo mesmo bilhão.
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PS - FHC não RENUNCIOU nem DEMITIU o presidente do BC. Amigos mais íntimos disseram que FHC "não soube de nada, às 11 da madrugada já estava dormindo". Só costuma ficar acordado para receber oposicionistas e amestrados, que não gostam de ir ao Alvorada durante o dia.

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